Pele de Mo Hayder - OPINIÃO


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Quando numa manhã quente de Maio, o corpo de uma jovem em estado de decomposição é encontrado perto das linhas férreas às portas de Bristol, tudo apontava para um suicídio. Pelo menos era o que a polícia queria; tudo perfeitamente arrumado e despachado. 
Mas o inspector Jack Caffery não tem tanta certeza. Está no encalço de um predador, alguém que se esconde nas sombras e se esgueira pelas casas sem ser visto. 
A mergulhadora da polícia Flea Marley trabalha ao lado de Caffery. Tendo finalmente lidado com a perda dos pais e com os traumas do passado, começa a ponderar se a relação de ambos poderá ir além da profissional. 
É então que descobre algo que altera tudo. Não só lhe é demasiado próximo como é tão horrível que tem a noção de que nada voltará a ser igual. 
E, desta vez, ninguém a poderá ajudar, nem sequer Caffery…

Critíca:


Entrar nesta obra não é de tarefa fácil. Tem um início um pouco confuso no qual corre o risco de afastar alguns leitores menos pacientes. As diversas personagens são apresentadas em catadupa e as diferentes histórias do enredo dispertam alguma confusão no leitor desperbido. Mas chega-se ao final da obra com a sensação de prazer que uma boa obra proporciona.
O grande problema da literatura policial é que, desde há muitos anos tornou-se muito difícil superar ou igualar os grandes clássicos deste género literário. Assim, ter-se-á a necessidade de entrar nesta obra sem grandes expectativas. De uma forma geral isso é meio caminho andado para se gostar de uma obra literária.
Ao longo do livro há um crescente de emoção, um ritmo narrativo cuidadosamente planeado para esse crescendo, já que a autora reflete significados sentidos a cada palavra que escreve.
Jack Caffery ambiciona desvendar uma série de crimes violentos , crimes esses que não são mais que assassinatos disfarçados de suicídios relacionados com estranhos rituais de origem africana, envolvendo tráfico de órgãos humanos. Neste contexto, as descrições de Hayder são por vezes extremamente arrepiantes.
“Pele” foge com sucesso de todos os padrões da literatura policial; nesta obra não possui detectives super-inteligentes e super-honestos: uma investigadora subaquática que procura a forma de encobrir um crime cometido pelo irmão alcoólico e um detective que recorre a todo o tipo de estratégias mesmo as desonestas para obter os seus fins. Esta obra é marcada também pela inexistência do eterno padrão de paixão “assolapada” do detective pela bela mulher-polícia; existem, na realidade, seres humanos com os dilemas e os problemas das pessoas ditas comuns. Não há sequer aquelas coincidências extraordinárias que geralmente tornam estas histórias completamente inverosímeis. Em "Pele" tudo ocorre dentro da lógica possível que há na vida.
Em suma, quem lê este livro é convidado a entrar numa história requintada, com alguma dificuldade, mas depois de se entrar na história, o leitor é confrontado com um enredo envolvente e emocionante. Vale a pena a leitura.

Desde a primeira página o livro suscita curiosidade e muito suspance, uma vez que logo no incipit, a autora faz uma sintese e arrepiante dissertação sobre a pele, com o objectivo de informar o leitor mais atento do que viria daí em diante.
No segundo capítulo localizamo-nos no cenário da acção. Lucy Mahoney está desaparecida há três dias e a policia procura o seu paradeiro, até que a mesma é encontrada já morta, num estado de decomposição. Porém tudo indica foi um mero suicídio... Esta história coincide com a de Misty Kitson, uma figura pública que também se encontrava desaparecida.
A utilização de capítulos curtos, dos quais a autora recorre, permitem manter o leitor actualizado relativamente à investigação do crime de Lucy, com as suas devidas revelações surpreendentes; conhece o que verdadeiramente se sucedeu com Mitsy e as personagens principais inspector Jack Caffery e a mergulhadora da polícia, Flea Marley.
Como referir anteriormente é um pouco dificil de entrar na história. No inicio abordou-se muito sobre uma suposta Operação Noruega, que penso estar descrita no livro anterior a este, Ritual. Quando a acção começou a centralizar-se em Lucy e Mitsy, a leitura tornou-se viciante a fim de se descobrir quais serão os desenlaces dos dois enredos.

Escrito por:
Luís Alves (Direcção do blogue)

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