Para esta jovem paquistanesa, a vida foi uma sucessão de violências e de humilhações: o pai, um homem brutal, vendeu-a num casamento forçado aos 13 anos; o marido espancava-a sob o pretexto de ela não lhe dar um herdeiro do sexo masculino e, depois da sua morte, obrigaram-na a casar com um cunhado, muito mais velho do que ela e já casado. No auge do seu sofrimento, a família do marido roubou-lhe uma das filhas.
Mas Naziran resistiu a tudo e hoje, cega e com o rosto destruído, ousa dar testemunho sobre uma prática cruel: os ataques com ácido.
Este livro, que escreveu com a colaboração da jornalista Célia Mercier, especialista em questões paquistanesas, é um grito de revolta e um apelo ao respeito pela dignidade do ser humano.
Opinião:
O que aconteceu com esta jovem não foi um caso isolado. Neste livro, Naziran descreve pormenorizadamente as relações familiares, o isolamento, a violência e a injustiça de que são vítimas estas mulheres, cujo valor é apenas patrimonial.
Naziran perdeu o rosto, mas não a voz. E ela quer dar o seu testemunho - ela, uma camponesa iletrada da província do Punjab - para que outras mulheres não tenham de suportar esta violência extrema. Ao mostrar a sua coragem necessita do apoio de apoiar as mulheres também elas vitimas de violências quer físicas como psicológicas. Naziran é uma mulher de coragem por tudo o que passou e sempre consegui vencer na vida pela família e pelas duas filhas que tinha. É um livro que aconselho, um relato de uma história real bastante cativante.