O anjo das trevas de Anne Rice - Opinião


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«Sonhei com anjos. Vi-os e ouvi-os numa enorme e interminável noite galáctica. Vi as luzes que simbolizavam estes anjos, voando aqui e ali, em laivos de um brilho irresistível […] Senti amor em redor de mim neste vasto e contínuo domínio de som e luz […] E algo semelhante a tristeza apoderou-se de mim e confundiu toda a minha essência com as vozes que cantavam, porque as vozes cantavam sobre mim.»

Assim começa o novo romance assombroso de Anne Rice, um thriller sobre anjos e assassinos, que nos conduz novamente aos mundos obscuros e perigosos de tempos passados. Anne Rice leva-nos para outros domínios, desta vez para o mundo de Roma no século XV, uma cidade de cúpulas e jardins suspensos, torres altas e cruzes por debaixo de nuvens sempre em mudança; colinas familiares e pinheiros altos… de Miguel Ângelo e Rafael, da Sagrada Inquisição e de Leão X, segundo filho de um Medici, dissertando sobre o trono papal… E nesta época, neste século, Toby O’Dare, antigo assassino por ordem do governo, é convocado pelo anjo Malquias para resolver um terrível crime de envenenamento e para procurar a verdade sobre a aparição de um espírito irrequieto — um diabólico dybbuk. O’Dare em breve se vê envolvido no seio de conspirações negras e contra-conspirações, rodeadas por uma ameaça sombria e ainda mais perigosa, porque o véu do terror eclesiástico a cobre.
Enquanto embarca numa viagem de expiação, O’Dare é ligado ao seu próprio passado, com assuntos claros e obscuros, ferozes e ternos, com a promessa de salvação, e com uma visão mais profunda e rica do amor.

Opinião:

Neste segundo volume da série "Os cânticos de Serafim", continuamos a seguir a história de Toby O'Dare. Tal como no primeiro volume, Anne Rice continua a incorporar uma escrita rica e centrada na referência à religião.
A personagem principal continua a sua evolução ao longo deste enredo, são revelados mais pormenores sobre o seu passado o que permite ao leitor deixar-se envolver pela imaginação e pela certeza de que esta figura nunca parará de o surpreender. Este passado acaba por ter um  peso na reflexão das acções de Toby o que nem sempre é para ele fácil de recordar.
As missões vão-se sucedendo neste novo patamar da história e aumenta também o seu nível de dificuldade, ao mesmo tempo que vão aparecendo alguns obstáculos. O anjo Malaquias mantém o seu envolvimento essencial na história como de resto vimos no volume anterior.
Apesar de ser um livro não muito grande, encontra-se escrito de uma maneira absolutamente cativante, como Anne Rice nos tem habituado. 
Com uma fácil leitura, torna-se inapto o acompanhamento natural do enredo depois da leitura do primeiro volume "O tempo do anjo".
Uma leitura que aconselho sobretudo porque deixa o leitor a suspirar por mais.


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